
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu este sábado ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que “não retaliará” contra as “provocações” russas no leste da Ucrânia e que permanecerá disponível para o “diálogo” com Moscovo.
“Disse que não retaliará contra provocações ao longo da linha de contacto” e “confiou-lhe a tarefa de informar Vladimir Putin sobre a disponibilidade da Ucrânia para o diálogo”, revelou a presidência francesa, no final de uma reunião de quase uma hora entre os dois chefes de Estado.
O Presidente francês deverá manter conversações com o seu homólogo russo às 11 horas locais de domingo (10 horas em Lisboa), num “último esforço possível e necessário para evitar um grande conflito na Ucrânia”, acrescentou o Eliseu.
“Uma ação militar russa contra a Ucrânia traria a guerra ao coração da Europa”, afirmou um conselheiro presidencial, citado pela agência France Presse, que não identificou a fonte.
Não haveria então “nenhuma outra opção a não ser uma reação muito forte”, acrescentou a mesma fonte. “A situação é muito perigosa, mas ainda há espaço para a diplomacia”, disse ainda.
“Se for necessário deslocar-se, o Presidente (Macron) deslocar-se-á”, indicou a fonte do Eliseu, quando questionada sobre a possibilidade de o chefe de Estado viajar novamente para Moscovo e Kiev.
A evolução da situação continua a ser muito difícil de prever, insistiu.
A NATO estima como possível um “ataque total” da Rússia à Ucrânia.
“O Presidente da República considera que o risco é elevado, nota que a presença militar russa nas fronteiras da Ucrânia permite ao Presidente Putin invadir a Ucrânia, se assim o desejar. Mas não antecipa que decisão Putin tomará”, sublinhou o Eliseu.
“Ninguém sabe o que vai acontecer, ninguém está na cabeça de Putin”, disse a fonte da presidência francesa.
Uma entrada das tropas russas na Ucrânia resultará em sanções imediatas por parte dos europeus e dos seus aliados, reiterou o Eliseu.
Mas este cenário de sanções “massivas” não concerne os territórios separatistas onde os russos já estão de facto presentes, precisou a fonte.
“As sanções previstas pelos países aliados cobrem uma hipótese, a invasão da Ucrânia pela Rússia, ou seja, a entrada das forças russas na Ucrânia”, esclareceu o Eliseu.
“Donbass, os distritos de Donetsk e Lugansk, estão em grande parte sob controlo russo”, a Rússia já está “ali presente através de meios militares e técnicos, investimentos, pessoal” e já está sujeita a sanções desde 2014 por isso, observou a presidência francesa.