A obra é composta por doze discursos, cada um como uma pequena caixa de tesouro, pronta para ser descoberta.
“Talvez gigantes que ainda ignoramos se estejam já a mover nas sombras, prontos a sentar-se aos nossos ombros de anões.”
Aos Ombros de Gigantes é uma oportunidade de aprendizagem inédita. O livro é composto por doze discursos dados por Umberto Eco no festival Milanesiana, cada um com um tema que corresponde ao ponto de partida de cada edição da conferência de arte e cultura. Desde beleza à fealdade, do sagrado ao paradoxo, o autor demonstra, não só o que parece ser uma fonte infinita de conhecimento e referências bibliográficas, como a sua extraordinária capacidade para manipular o meio que é a palavra escrita.
O livro é, acima de tudo, extremamente agradável de se ler, não fosse Umberto Eco um dos mais proficientes génios literários deste século. Encontrar as palavras que o historiador italiano proferiu é como achar pequenos tesouros, repletos de conhecimento filosófico e histórico, mas ainda assim com uma beleza narrativa que só arte pode ter. Ainda que o autor seja um escritor académico, a linguagem é extremamente acessível, estes foram escritos para serem discursos, algo que o estilo de escrita nos indica claramente.
A preciosidade destes textos encontra-se também no facto de terem sido escritos nos últimos quinze anos da sua vida. Para quem conhece Umberto Eco, os temas não são divergentes daqueles que aborda nas suas outras obras, mas esta abordagem é mais íntima, como se nos estivesse a falar diretamente. Ao longo dos discursos revela-se um lado raramente acessível de Eco, o seu lado pessoal. Os textos são informativos sim, mas nem por isso o autor deixa de partilhar os seus interesses pessoais, as suas referências culturais próprias. Confessa-nos que ouve Carla Bruni e que vê Casablanca enquanto cita Dante e Nietzsche; é uma oportunidade imperdível para nos apaixonarmos por um dos maiores intelectuais da modernidade.
Pontuação:
O Vogue Book Club é uma rubrica semanal. Neste espaço, um membro da equipa da Vogue Portugal propõe-se refletir, ou apenas comentar, um livro – seja uma novidade literária ou um clássico arrebatador. Pode participar nesta discussão através da hashtag #VogueBookClub.
