
Após os vaivéns da pandemia, a Gulbenkian Música apresenta mais de 120 espetáculos na nova temporada: concertos sinfónicos e encenados, ópera, cinema com música ao vivo, recitais e música de câmara fazem parte do programa para 2022/23.
No ciclo dedicado ao piano, assomam nomes como Grigory Sokolov (20 de março de 2023), Daniil Trifonov (10 de outubro), Alexandra Dovgan (28 de outubro), Víkingur Ólafsson (7 de novembro), Leif Ove Andsnes (15 de novembro) e Alexandre Kantorow (14 de março de 2023). Note-se o regresso do Festival Pianomania (de 8 a 13 de dezembro).
No âmbito dos grandes intérpretes, destaque para a pianista Maria João Pires, que tocará com Ricardo Castro, o Concerto para dois Pianos e Orquestra de Mozart, acompanhados pela Orquestra Neojiba, um projeto brasileiro inspirado no El Sistema da Venezuela (22 de setembro). Mitsuko Uchida apresenta-se com a Mahler Chamber Orchestra para tocar e dirigir obras de Mozart e Schönberg (9 de janeiro de 2023). Evgeny Kissin interpreta, a solo, obras de J. S. Bach, Mozart, Debussy e Rachmaninov (8 de fevereiro de 2023). Outros motivos de realce: o barítono sueco Peter Mattei e o pianista francês David Fray na interpretação do ciclo de canções “Viagem de Inverno” (Winterreise) de Franz Schubert (27 de fevereiro de 2023); A meio-soprano Joyce DiDonato a apresentar o seu novo projeto Eden, em conjunto com a orquestra Il pomo d’oro, dirigida por Maxim Emelyanychev (2 de junho de 2023).
Momentos importantes da temporada, a versão de concerto da ópera “Einstein on the Beach”, de Philip Glass, narrada por Suzanne Vega, com cenografia da artista plástica alemã Germaine Kruip (26 de novembro); a estreia de um espetáculo inspirado na peça de teatro de José Saramago, “Don Giovanni ou o dissoluto absolvido”, onde a música de Mozart e o texto de Saramago se encontram numa encenação original de Jean Paul Bucchieri, com direção musical de Nuno Coelho, maestro convidado da Gulbenkian e novo maestro principal da Orquestra Sinfónica do Principado das Astúrias (17 e 18 de novembro). Os fãs da saga “Star Wars” poderão assistir a Orquestra Gulbenkian, dirigida por Ludwig Wicki, a interpretar ao vivo a banda sonora que John Williams compôs para “O Regresso de Jedi”, último episódio da trilogia original (12, 13 e 14 de janeiro de 2023).
Este ano assinala-se na Gulbenkian o centenário do compositor grego Iannis Xenakis, a quem a Fundação Gulbenkian encomendou várias obras ao longo da sua vida. Espere-se uma série de concertos (os de 16 e 18 de setembro com entrada gratuita), e uma exposição realizada em coprodução com a Philharmonie de Paris – Cité de la Musique, o Centro de Arte Moderna e o Programa Gulbenkian Cultura. Registe-se a reconstituição moderna de “Polytope de Cluny” (2 e 3 de dezembro), obra relevante do princípio dos anos 70, num espectro que envolve música, artes visuais e arquitetura.
Da música antiga à contemporânea, são vários os maestro que se juntam ao Coro e à Orquestra Gulbenkian. Desde logo um habitué, Lorenzo Viotti, com o clarinetista Andreas Ottensamer, propondo um programa com obras de Brahms, Mozart e Pēteris Vasks, que será depois apresentado em Viena, Munique e Colónia (14 e 15 de outubro). Esta temporada, Viotti dirigirá também a 6.ª Sinfonia de Mahler (17 e 18 de fevereiro de 2023), enquanto Andreas Ottensamer (também como solista, no clarinete) se estreia a dirigir a Orquestra Gulbenkian num programa com obras de Glinka, Mendelssohn, Mozart e Stravinsky (15 e 16 de dezembro). O centenário de nascimento de Madalena de Azeredo Perdigão, primeira diretora do Serviço de Música e fundadora do Serviço ACARTE, será assinalado num concerto dirigido pelo maestro sul-coreano Myung-Whun Chung (27 e 28 de abril de 2023). Também o maestro finlandês Hannu Lintu retorna na temporada 22/23 (a 6 e 7 de outubro, Adès e Mahler; a 18 e 19 de maio de 2023, com um programa de concerto e sinfonia e Chostakovitch).
No Concerto de Ano Novo (5 e 6 de janeiro de 2023) registam-se estreias: a da ucraniana Oksana Lyniv, a primeira mulher a dirigir no Festival de Bayreuth, e de Kristine Opolais, reputada soprano. O Concerto de Natal (22 e 23 de dezembro de 2023), dirigido pelo neerlandês Peter Dijkstra, será composto por três de cantatas da Oratória de Natal de J. S. Bach, enquanto o Concerto de Páscoa (5 e 6 de abril de 2023) apresentará a “Paixão segundo São Mateus”, também de Bach, com direção da eslovena Martina Batič.
Da programação agora anunciada sobressaem também um Ciclo de Canções Ibéricas (portuguesas, catalãs, bascas e galegas; 11 e 12 de março de 2023), o Noruz – Festival do Médio Oriente (com canções do Afeganistão, Cazaquistão, Iraque, Curdistão e Uzbequistão; 28 de março a 1 de abril), prosseguindo as habituais transmissões da Met Opera de Nova Iorque, incluindo “Medeia”, de Cherubini, “La Traviata” e “Falstaff”, de Verdi, ou “Champion”, de Terence Blanchard, entre outras óperas.