
“O tempo não é de cenários mas de se prepararem programas”, começou por dizer Santos Silva, o número dois de Costa no Governo em fim de mandato. Mas na entrevista à RTP3, esta terça-feira, o socialista teve de falar sobre cenários. Desde logo para tentar corrigir a jornalista na interpretação do que António Costa tinha aberto há uma semana: “Não é verdade” que tenha dito que se entenderia com o PSD, disse Santos Silva, mas apenas que “ao longo destes seis anos sempre nos entendemos com o PSD na descentralização, nos fundos, nas questões europeias”. “É bom que os partidos moderados se entendam em questões de soberania, isso sempre tem havido. Não significa que façam parte do mesmo Governo.”
Mas a jornalista não desarmou: pode haver um acordo sem o PSD ir para o Governo se o PS ganhar? E Santos Silva respondeu: “Devemos ser também claros” dizendo que “temos políticas orçamentais diferentes”. “O PSD quer cortar nos rendimentos, a nossa política é ao contrário”, afirmou, deixando o desafio implícito à esquerda de que será com ela que o PS procurará entendimento orçamental. Não foi uma garantia, como Costa deu há um ano quando disse que o seu Governo acabaria se dependesse do PSD. Mas uma indicação, mais de olhos postos na bipolarização da campanha: “As pessoas que querem prosseguir este caminho têm de votar PS, as que querem voltar atrás votam nos partidos da direita”.
Ainda assim, Santos Silva quis deixar uma garantia absoluta: “O PS lutará pelo reforço da maioria e assumirá todas as responsabilidades que lhe derem. É o povo que fala. E decidirá quem ganhará, em que condições, que maioria haverá. O que pedimos é reforço de condições de governabilidade”, explicou o também dirigente do PS. “Não entramos em lógicas de chantagem, que amuamos e não assumimos responsabilidade.” Dito de outra forma, o PS não exigirá maioria. Só a vai pedir das formas que puder.
Para BE e PCP ficou ainda uma bicada – sem os referir explicitamente: “Os que já estão a atacar o PS estão a mostrar que são inúteis para essa disputa eleitoral”. Já para o PSD, uma trégua momentânea: “O líder do PSD é sempre chave. Merece o máximo respeito qualquer que seja”.
Quanto ao seu futuro, Augusto Santos Silva deixou em aberto: “Nunca me pus em bicos de pés. Estarei nesta luta empenhadíssimo”. Até ao dia das eleições? “Não disse isso.” E assim ficou.