
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, viajará na segunda-feira para a Argélia, que substituiu a Rússia como principal fornecedor de gás à Itália, no meio de uma crise política na sua coligação governamental.
O primeiro-ministro – cujo pedido de demissão foi rejeitado, na noite de quinta-feira, pelo chefe de Estado italiano, Sergio Mattarella – permanecerá na Argélia durante um dia, para participar numa cimeira bilateral, levando consigo alguns dos seus ministros mais próximos.
A Argélia — que está conectada à Itália por um gasoduto que atravessa o Mediterrâneo até à ilha da Sicília – tornou-se o principal fornecedor de gás a este país europeu, tornando-se um parceiro essencial para a estratégia de acabar com a dependência energética da Rússia, por causa da invasão da Ucrânia.
A viagem de Draghi acontece depois de uma visita em abril, quando o primeiro-ministro italiano aproveitou para anunciar um acordo sobre o gás argelino, assinado com o Presidente Abdelmadjid Tebboune.
Os dados mais recentes revelam que a Itália recebe atualmente duas vezes mais gás da Argélia do que da Rússia (antes da invasão ucraniana, a Itália importava 90 por cento da energia consumida, incluindo 40% oriunda do território russo).
Em 12 de julho, a empresa pública Snam anunciou que dos 234,31 milhões de metros cúbicos de gás importados para a Itália diariamente, a Argélia forneceu 66 milhões e a Rússia 31 milhões (o restante veio da Noruega, Líbia e Azerbaijão, entre outros).
A visita de Draghi acontece no momento em que o Governo de coligação de Draghi atravessa uma grave crise política que ameaça a continuidade do primeiro-ministro, que tem mandato até à primavera do próximo ano.
Draghi governa desde fevereiro de 2021 numa coligação de unidade nacional apoiada por todos os principais partidos, exceto o movimento de extrema-direita Irmãos de Itália, mas nas últimas horas, um dos principais parceiros, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), boicotou uma moção de confiança ao executivo, no Senado.
Draghi venceu a moção de confiança, mas disse que não aceitaria continuar a governar perante as sucessivas manifestações de boicote e de divergência do M5S, devendo comparecer no Parlamento, na próxima quarta-feira, para avaliar o apoio político à sua coligação.