
Já existe forma de ajudar as vítimas do “Impostor do Tinder” que ainda têm dívidas
Um documentário da Netflix atraiu atenção para esta história: um homem fingia ser milionário para atrair mulheres e as burlar.

São as três principais vítimas que participam no projeto.
Foi na semana passada, a 2 de fevereiro, que estreou na Netflix o documentário “O Impostor do Tinder”. Conta a história de como um vigarista fingiu ser um milionário para atrair mulheres no Tinder e as burlar — e o crime tomou proporções quase inimagináveis.
Graças à curiosidade em torno do caso — e pelo facto de ser um crime que, no fundo, podia acontecer a qualquer pessoa — “O Impostor do Tinder” tem sido um sucesso de audiências. Nas tendências do top 10 do catálogo português, ocupa neste momento o terceiro lugar do ranking.
Se viu o documentário, já saberá que Shimon Yehuda Hayut — israelita que se fazia passar pelo filho do magnata dos diamantes Lev Leviev — está em liberdade depois de passar apenas cinco meses na prisão. E, muito provavelmente, estará novamente a utilizar esquemas ilegais, já que ostenta uma vida de luxo nas redes sociais.
O caso é bastante complexo, uma vez que envolve inúmeros países e com vítimas de várias nacionalidades. As principais vítimas que protagonizam o documentário — a norueguesa Cecilie Fjellhøy, a sueca Pernilla Sjoholm e a holandesa Ayleen Koeleman — nunca viram os seus casos chegarem a tribunal. Shimon Yehuda Hayut (que mudou legalmente o nome para Simon Leviev) nunca foi acusado de as defraudar em qualquer país.
Os crimes nunca foram provados pela justiça e os bancos não perdoaram os empréstimos e créditos destas mulheres. Endividaram-se para supostamente ajudar Simon Leviev, que precisava de dinheiro rápido para conseguir pagar as contas e escapar aos seus alegados inimigos. Como apresentava uma vida de multimilionário e tinha criado uma relação emocional com todas as vítimas, confiaram nele e emprestaram-lhe dinheiro — que era sempre gasto numa vida de luxo com uma futura vítima.
“Os últimos dias têm sido um furacão. Ficámos completamente chocadas e fomos ao chão com a onda de compaixão e apoio de toda a gente”, escreveram Cecilie Fjellhøy, Pernilla Sjoholm e Ayleen Koeleman. “O amor puro é mais do que alguma vez esperámos receber.”
As três resolveram lançar uma campanha de angariação de fundos para todos os espectadores do documentário (e não só) que as queiram ajudar a pagar as dívidas. Até à publicação deste artigo, tinham sido doados cerca de 19.680€, de um objetivo estabelecido de 709.000€ (equivalente a 600 mil libras).
“Depois de muita ponderação, e de várias conversas, decidimos avançar com esta angariação de fundos. Muitas pessoas contactaram-nos a perguntar se tínhamos alguma a decorrer — algo que ainda não nos tinha ocorrido. Mas temos visto bastantes [campanhas] falsas, o que nos deixa inquietas. Não queremos que mais pessoas sejam defraudadas. Sabemos que existem milhares de outras causas às quais vale a pena doar dinheiro, e ficamos eternamente gratas escolherem contribuir para esta. Tudo o que queremos são as nossas vidas de volta”, pode ler-se na página do crowdfunding.
Este apoio é também importante porque, como o documentário demonstra, as três mulheres que vieram a público foram bastante criticadas nas redes sociais aquando da investigação jornalística que desvendou o caso. Apesar de serem vítimas, foram chamadas de “gold diggers” e “burras”, havendo bastante menos comentários a culpar o criminoso.
Na sequência do lançamento de “O Impostor do Tinder”, a aplicação de encontros baniu a conta de Simon Leviev — impedindo-o de voltar a conhecer pessoas (para as burlar) daquela forma.
Leia o artigo da NiT para conhecer melhor esta história real. E carregue na galeria para conhecer outras novidades das plataformas de streaming.