
Heard acusa Depp de orquestrar “uma sofisticada campanha difamatória” contra si
A atriz revelou em tribunal que o ex-marido usou a sua fama para a prejudicar depois do pedido de divórcio.
O tema foi abordado no tribunal através de uma gravação de uma conversa privada, ao telefone, entre Amber Heard e Johnny Depp. O casal conversava, em 2016, sobre o divórcio e a atriz de 36 anos pedia ao então marido que travasse a “campanha difamatória” que, segundo a própria, ele estaria a orquestrar.
“Eu implorei-lhe para não me obrigar a isto, a estar aqui sentada como estou hoje”, explicou Amber Heard esta segunda-feira, 16 de maio, em tribunal, durante o julgamento em que é acusada de difamação por parte de Jonnhy Depp. Heard argumentou que após o pedido da ordem de afastamento e subsequente pedido de divórcio, Depp terá retaliado como podia.
“O Johnny disse-me que me iria arruinar. Que nunca ninguém [na indústria] alguma vez me voltaria a tocar — profissionalmente, nunca mais ninguém trabalharia comigo. Nunca mais iria ter trabalho. Que ele iria arruinar a minha carreira”, explicou.
Heard acabaria por se emocionar. “Eu não quero nada dele, apenas que não diga que sou uma mentirosa.”
As gravações continuaram a ditar o tom do testemunho, com a atriz a acusar diretamente Johnny de ser um “abusador”. Nas chamadas, Depp devolve as críticas e apelida-a de “mentirosa e interesseira”.
No contexto falava-se das revelações que Heard teria também feito à imprensa sobre a sua relação. “Ele estava a chamar-me mentirosa e estava a obrigar-me a provar tudo. E eu sabia que isso não ia ser bom para ele”, justificou.
Entre outras discussões, Depp terá ameaçado acabar com a sua “integridade” e com o seu nome, alega a atriz. “Eu venho do nada. Tudo o que tenho é a minha integridade. Tudo o que tenho é o meu nome. E foi exatamente isso que ele prometeu roubar-me.” Segundo Heard, o que aconteceu na sequência foi precisamente o que esperava: começou a ser dispensada de vários projetos.
Antes de terminar o testemunho dado à sua própria equipa de advogados — teria, mais tarde, que enfrentar o contra-interrogatório da equipa de Depp —, a atriz abordou também o artigo que está na base de todo o processo.
A peça de opinião que assinou no “The Washington Post” e que Depp considera ter sido um ato difamatório justificativo de uma indemnização de 48 milhões de euros, foi então comentada por Heard. “Eu queria emprestar a minha voz ao que acreditava ser uma causa nobre”, explicou sobre o artigo promovido pela ACLU, organização que promove os direitos individuais e que, nesse caso, se levantava para falar sobre violência doméstica.
Heard frisou que nunca quis referir, no artigo, o nome de Depp. De facto, a peça não inclui o nome do ex-marido e, segundo Heard, refere-se apenas ao que lhe aconteceu nos dois anos que se seguiram ao divórcio — à forma como terá sido alvo de críticas e reações, por oposição ao que acontece com os abusadores.
“A única pessoa que achou que [o artigo] era sobre o Johnny foi o próprio Johnny”, concluiu.