
Renovado Teatro Jordão vai acolher, para além de espetáculos,, escolas de música e de artes. Inclui ainda espaço para ensaio e uma galeria de exposições. A inauguração acontece durante esta sexta-feira.
A sala de espetáculos, inaugurada em Guimarães em 1938, faz parte das memórias de várias gerações e reabre esta sexta-feira, depois de ter estado fechada desde 1993. Os alunos do curso de Teatro da Universidade do Minho (UMinho) estreiam a nova casa com o primeiro ato de “A Gaivota”, de Aton Tchékov, seguidos pela atuação dos Jovens Cantores de Guimarães, sob a direção de Janet Ruiz.
O JN visitou o Teatro Jordão e o espaço resultante da reconversão da Garagem Avenida, ontem, durante o ensaio geral para a reabertura. Ainda havia operários a colocar os últimos focos e a colar a sinalética, mas já se ouvia o som dos instrumentos dos alunos do Conservatório de Guimarães a ecoar pelas escadas e corredores.
O teatro destina-se às artes de palco e à instalação da Escola de Artes Performativas da UMinho e da Escola de Música do Conservatório Valentim Moreira de Sá. A antiga garagem vai ser ocupada pela Escola de Artes Visuais daquela universidade.
Espaço irreconhecível
Os reformados que conversavam nos bancos da alameda de São Dâmaso não reconhecerão a sala onde deram os primeiros beijos. “No escurinho do cinema”, diz um deles. Dos 1200 lugares da sala original, resultou um auditório com 400 lugares, mas com todas as condições técnicas e de conforto de um anfiteatro da atualidade. Depois do primeiro ensaio, Miguel Cardoso, aluno de Teatro, ainda estava incrédulo. “Não sei se nos vão deixar usar este espaço mas seria excelente. É o que está prometido há dez anos”, frisou
Paulo Lemos, reformado, de 69 anos, não sabe se vai ter coragem para visitar o renovado espaço. Ouviu dizer que está muito bom, mas a antiga sala deixou-lhe boas recordações. “O cinema era o nosso passatempo. Naquela altura já havia boites, mas nós não tínhamos dinheiro para isso”, recorda. O bilhete custava cinco coroas (2,50 centavos ou 12 cêntimos), “tanto como uma viagem de ida até às Taipas”, contabiliza Augusto Moucho, lembrando o Zé Lingrinhas que comprava maços de bilhetes para depois, quando os ingressos esgotavam, os vender por 10 ou 15 coroas. “O pessoal fazia fila para comprar bilhetes”, para ver filmes como “Ben-Hur “ou “Os 10 Mandamentos”. “Quando os ânimos aqueciam, havia porrada”, recorda José Fernandes, de 57 anos. Os pobres iam ao cinema, a revista, com ingressos mais caros, “era só para os industriais”, conta Paulo Lemos.
Universidade comemora
No próximo dia 17, o Teatro Jordão acolhe, pela primeira vez em Guimarães, as comemorações do aniversário da Universidade do Minho. Para o presidente da Câmara, Domingos Bragança, este investimento, de 12 milhões de euros, com quase 10 milhões de apoios europeus, é um marco estratégico na afirmação de Guimarães como cidade de “cultura, educação e ciência, aberta e cosmopolita, contemporânea e sustentável”.