
“O Estado deve dar o exemplo”, atirou perante a plateia socialista pedindo “vontade política” para acelerar investimentos na ciência, como já houve para outras situações. A propósito até falou na inauguração recente da ala pediátrica do hospital de São João que acelerou depois da aprovação unânime, no Orçamento do Estado para 2019, do ajuste direto da construção contornado as regras de contratação pública. “É possível acelerar o investimento”, disse a cientista apontando a variável “muito importante que é o tempo”, na Ciência, e como, neste momento, as regras de contratação pública e a burocracia atrasam os processos.
Estas são propostas que implicam entendimentos alargados, no Parlamento, que o PS vai propagando que consegue promover como ninguém. Este domingo, no Porto, Porfírio Silva, deu mais um contributo para a ideia de um PS capaz ao centro ao avisar que “para os socialistas democráticos, o Estado não tem de ser, não pode ser hostil à iniciativa individual e social, à diversidade, à diferença”. “A visão que o PS tem do público e do privado, do papel do Estado e da iniciativa privada e social não é a visão nem da direita nem das outras esquerdas”, exemplificou.
Em relação ao BE e ao PCP, parceiros do últimos anos, Porfírio Silva ainda atirou à “enorme desconfiança” que têm face “à iniciativa privada”, considerando mesmo “profundamente retrógrada” a proposta da esquerda “que impediria instituições de Ensino Superior de serem parte em consórcios com entidades privadas”. E se o PS não é a direita que “critica os serviços públicos quando está na oposição e corta-os quando está no poder”, também não é esta esquerda. Quer a única escolha viável ao centro.
António Costa havia de vir no final, sem ataques a esta esquerda, mas apenas à direita — e exclusivamente à direita representada por Rui Rio. E até para rejeitar que se possa ter uma solução de estabilidade para o país a prazo, como chegou a sugerir o líder social democrata quando falou na possibilidade de um acordo de meia legislatura. “Há uma coisa que não podemos consentir: que o país fique adiado e parado, com soluções provisórias para dois anos”, disse Costa no final do seu discurso já depois de ter atirado às exclusões promovidas por Rui Rio na elaboração das listas do PSD de candidatos a deputados.
Este jogo de equilíbrios políticos vai mantendo tudo em aberto, que foi o que António Cota foi fazendo em 2015 em relação à esquerda — que lhe falhou agora na aprovação do Orçamento para 2022. Mas os painéis de debate do Fórum socialista iam seguindo alheios a estas contas.
O padre Lino Maia interveio no debate sobre desigualdades, que decorria noutra sala da Alfândega, e onde deixou o desafio para um pacto para a solidariedade “para que as instituições de solidariedade não colapsem”, mais um acordo alargado. Mas também a consignação de um imposto (no âmbito do jogos sociais) para a proteção social. O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade vai mesmo propor isto a “todos os partidos”, segundo revelou.
Neste capítulo das desigualdades, Fernanda Rodrigues, professora auxiliar na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, disse ainda aos socialistas que o importante nesta área “não é só inventar coisas novas, mas saber continuar o que existe e consolidar” o que já está em marcha, em mais um pedido de estabilidade das políticas. Neste painel intervieram ainda Ariana Cosme, professora na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, e Manuela Álvares, vereadora da Câmara Municipal de Matosinhos.