
Holandeses querem largar combustíveis fósseis da Rússia até ao fim do ano
Os Países Baixos planeiam parar de utilizar combustíveis fósseis da Rússia até ao final do ano, anunciou, esta sexta-feira, o Governo, prometendo gastar aproximadamente 623 milhões de euros em incentivos às empresas para que encham um grande depósito de armazenamento de gás.
Para levar essa missão a bom porto, ou seja, para deixar para trás os combustíveis fósseis oriundos da Rússia, o governo holandês afirmou estar focado em apostar na poupança energética, em políticas ‘verdes’ e em importar mais energia de outros países.
“Desta forma, os Países Baixos podem conservar ou substituir completamente a fatia russa do seu gás até ao final do ano”, indicou, em comunicado, o executivo holandês, juntando-se assim a outros países no corte de fornecimentos russos em protesto devido à invasão da Ucrânia por parte de Moscovo.
Estima-se que 44% da energia consumida nos Países Baixos tem por base o gás – uma das mais elevadas taxas da Europa -, mas apenas 15% do gás chega da Rússia, de acordo com dados oficiais holandeses, reproduzidos pela agência Reuters.
No quadro dos seus esforços para reduzir a dependência da Rússia, o governo holandês anunciou que vai compensar as empresas por encherem o armazém de gás de Bergermeer, um dos maiores da Europa, antes do inverno. E, antecipa, estimular as empresas a fazê-lo – o depósito tem capacidade para 4,1 mil milhões de metros cúbicos – deve custar cerca de 623 milhões de euros.
Em paralelo, o governo holandês também instruiu a estatal EBN a tomar medidas no sentido de garantir que o armazém será enchido em pelo menos 70% caso as empresas não se sintam atraídas pelos incentivos financeiros.
A instalação de Bergermeer, que assume um terço da capacidade de armazenamento de gás dos Países Baixos, é detida em 60% pela Abu Dhabi National Energy “TAQA”, que também a opera, e em 40% pela EBN.
Com efeito, a Gazprom tem direito a 40% do espaço de armazenamento ao abrigo de um acordo em vigor até 2045, explica a Reuters, dando conta, porém, que, no ano passado, a empresa russa não utilizou a sua quota. Um porta-voz do Ministério dos Assuntos Económicos indicou que a área reservada à Gazprom poderia ser usada por outros este ano se a própria não o fizer ao abrigo de uma cláusula que dita que “ou usa ou perde o direito ao uso”.