
“A elevada inflação de hoje pode ser uma amostra do que está para vir. Após décadas de inflação notavelmente baixa e estável, a economia global está em transição para um período de inflação mais turbulenta”, diz o Credit Suisse, no Economic Outlook para 2022.
“Condições que deverão ser mais desafiantes para os mercados, indicando rendimentos reais mais baixos, particularmente nos rendimento fixos”, alerta. O banco considera que, apesar dos desafios, o ano será de recuperação económica, apontando um crescimento de 4% do PIB mundial, após os 5,8% em 2021.
A atividade económica deverá, assim, voltar a níveis pré-pandemia. Mas, olhando a nível regional, há diferenças nas perspectivas, nomeadamente no que diz respeito aos preços na zona euro, que atingiram os 5% em dezembro.
“A inflação deverá voltar a aliviar das elevadas taxas que atingiu no final do ano passado”, diz o Credit Suisse. “Os efeitos de base da subida do IVA na Alemanha, em janeiro do ano passado, deverão significar um recuo na inflação geral e subjacente. A curto prazo, a inflação deverá ser sustentada pelas crescentes contas do gás e da eletricidade e pela contínua forte dos preços dos bens em consequência das disrupções nas cadeias de produção”.
A expectativa dos analistas do banco suíço é que estes fatores percam relevância ao longo de 2022, levando à desaceleração da inflação na zona euro. Mas é, mesmo assim, “improvável” que a inflação geral regresse a 1% como acontecia entre a crise da dívida e a pandemia. As estimativas do Credit Suisse apontam para uma inflação geral de 3,2% este ano e 1,6% no próximo.
O BCE prevê igualmente que os preços aumentem em média 3,2% em 2021, desacelerando para 1,8% em 2023 e 2024. Esta semana o vice-presidente Luis de Guindos reafirmou que estas projeções ainda se mantêm válidas, mas admitiu que a inflação na zona euro poderá não ser tão transitória como o esperado.