
O secretário-geral do PS e primeiro-ministro António Costa clarificou esta quarta-feira que o número que avançou para o crescimento do PIB em 2021 diz respeito a uma estimativa sua, com a qual está a trabalhar, e não ao valor oficial que cabe ao Instituto Nacional de Estatística (INE) apurar e divulgar. Costa respondeu aos jornalistas durante uma arruada, em Fafe.
“Não citei INE nenhum, disse quais são as previsões com que estamos a trabalhar. O INE revelará os seus números quando os tiver. Não percebo essa questão”, atirou António Costa, em declarações transmitidas pela TSF, quando confrontado com a informação que tinha revelado na véspera.
Na terça-feira, em Coimbra, o ainda primeiro-ministro tinha dito que “apesar da pandemia, o país o ano passado já cresceu 4,6%, voltou a convergir com a União Europeia”.
A informação sobre o crescimento conseguido pela economia portuguesa no ano passado é apurada oficialmente pelo INE e está previsto que venha a ser revelada apenas na próxima segunda-feira, 31 de janeiro – um dia depois das eleições legislativas.
Depois das declarações de António Costa sobre o crescimento económico de 2021, o INE assegurou em respostas ao Negócios que “não antecipa resultados aos membros do Governo” e que o valor final ainda não está fechado.
Até ontem, nem o PS no âmbito da campanha eleitoral, nem o Governo, tinham apresentado novas estimativas para o PIB de 2021. Conforme confirmou o ministro da Economia Siza Vieira ao Negócios, o programa eleitoral socialista foi construído com base no cenário macroeconómico do Governo, apresentado na proposta de Orçamento do Estado para 2022, e que prevê um crescimento de 4,8%. Também o ministro das Finanças, João Leão, tinha dito na semana passada estar confiante de que os 4,8% teriam sido atingidos.
Agora, o secretário-geral do PS atualiza assim expectativas em baixa, apontando para um crescimento ligeiramente mais contido face ao que tinha previsto em outubro. Os indicadores mais recentes têm vindo a sinalizar um abrandamento do ritmo da atividade económica no final do ano passado, relacionado com o aumento do número de infeções por covid-19 e as medidas restritivas que foram impostas no período das festas com o objetivo de conter os contágios.