
A doença crónica que afeta cerca de um milhão de portugueses (e as irmãs Corby também)
A Síndrome do Intestino Irritável e é uma patologia crónica. Tem tratamento, mas não tem cura. A solução passa por mudar a dieta.
As irmãs partilharam que sofrem da doença.
Barriga inchada, dores no abdómen, cólicas ou obstipação são muitas vezes associadas a uma má disposição passagera. Porém, quando estes sintomas se tornam recorrentes, são sinal de alguma coisa não está bem e convém procurar um médico. Uma das doenças do foro digestivo que apresenta esta sintomatologia é Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Há poucos meses, as irmãs Bárbara e Bruna Corby partilharam que sofriam desta condição. As influencers portuguesas fazem parte do milhão de portugueses diagnosticados com esta doença. De acordo com Armando Peixoto especialista do Núcleo de Neurogastrenterologia e Motilidade Digestiva da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, esta patologia afeta o funcionamento do tubo digestivo e é mais comum em pessoas mais jovens e, em especial, nas mulheres.
Do que se trata?
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma condição crónica do sistema digestivo, consequência da inflamação das vilosidades intestinais (que absorvem os nutrientes). Esta patologia está muito associada a problemas do foro intestinal que se manifestam, sobretudo, através de dores abdominais.
Apesar da grande prevalência — sobretudo entre as mulheres —, estima-se que apenas cerca de 15 por cento das pessoas afetadas procurem ajuda médica quando sentem dores abdominais recorrentes e alterações nos hábitos intestinais. Muitas vezes, não o fazem por vergonha ou falta de informação.
Esta doença, também conhecida como colite nervosa, está muito associada ao facto do tecido muscular do intestino ter um perfil mais sensível e que leva a um conjunto de reações mais intensas. Segundo o médico Armando Peixoto, atualmente, a condição encaixa-se naqueles que são considerados os distúrbios do eixo cérebro-intestino: “Existe uma interação permanente entre o sistema nervoso central e o tubo digestivo, que pode estar alterado em vários patamares. Estas alterações provocam os problemas intestinais, que dão origem ao Síndrome do Intestino Irritável.”
“O stress, por exemplo, num indivíduo geneticamente predisposto, pode causar uma descoordenação com impacto no tubo digestivo, desde a alteração da permeabilidade e hipersensibilidade intestinal ao processamento dos sintomas ao nível do sistema nervoso central”, explica o especialista.
A ansiedade e a má alimentação também podem desencadear a irritação deste órgão do aparelho digestivo. Como resultado, os intestinos entram em disfunção, sendo que a reação pode significar maior demora ou aceleração da dinâmica intestinal, provocando várias alterações. Este problema é, normalmente, sinónimo de períodos de maior gravidade, seguido de fases assintomáticas.
Sintomas que não deve desvalorizar
As manifestações da Síndrome do Intestino Irritável podem variar de pessoa para pessoa, contudo existe um quadro comum a todos os pacientes diagnosticados com SII: dores abdominais e alterações dos hábitos intestinais. Quando a manifestação destes sintomas é recorrente afeta seriamente a qualidade de vida e o bem-estar psicológico.
A condição dá frequentemente origem a sentimentos de frustração porque as manifestações da SII podem ser idênticas às de outros problemas. Armando Peixoto refere mesmo que “podem mimetizar os sintomas de outras patologias”. “Por isso é que, para excluir outras doenças graves, são feitos exames adequados ao historial e queixas do paciente”, explica.
Como controlar a Síndrome do Intestino Irritável
Existem vários tratamentos que ajudam os pacientes a viver melhor com esta condição, porém, esta não tem cura. “Uma vez estabelecido o diagnóstico, a abordagem terapêutica é fundamental para melhorar a qualidade de vida dos doentes”. Para o especialista em gastroenterologia, a relação e comunicação entre paciente-doente é a “pedra basilar do tratamento”, diz. Este deve ser personalizado e, habitualmente, é necessária uma abordagem terapêutica sintomática. Ou seja, uma intervenção farmacológica para minimizar os sintomas do paciente.
Depois, dependendo do nível de desregulação do organismo “pode ser necessária a intervenção de outros especialistas de diferentes áreas da saúde, como psicólogos e nutricionistas”, adianta Armando Peixoto. Bruna e Bárbara Corby têm mostrado que estão a seguir um plano alimentar adequado às suas necessidades, para controlar a doença.
A alimentação é importante, porém, não existe uma dieta genérica para quem sofre de SII. Ou seja, a lista dos alimentos que deve ou não comer podem variar de pessoa para pessoa, consoante a forma como o organismo reage a cada um.
O médico deixa um alerta: “se em algum momento sentir que a vida quotidiana está a impactada de forma negativa por algum mau estar digestivo, está na hora de consultar um especialista, porque não é normal”. Ainda assim é uma doença que pode ser controlada.
Carregue na galeria para conhecer algumas dicas que ajudam a equilibrar o sistema digestivo e a prevenir os sintomas do Síndrome do Intestino Irritável.