
Farinha, limão, açúcar, manteiga e leite: é a receita do amor. Ou dos amores, da bolacha dos amores. “A minha avó não podia comer tudo, então o meu avô desenvolveu o biscoito para ver se não fazia mal”, conta Manuel Almeida. Não fazia e no papel de embrulho levava indicação: “própria para doentes”. Era um romântico, o avô, e Manuel tem algum romantismo na voz quando fala em “preservar a história de uma família e todas as receitas que vêm atrás”, quando fala em deixar um “legado para netos e bisnetos”. Do seu próprio bisavô, Manuel guarda um diário que é também um receituário: “Ele escrevia tudo e um dos livrinhos de bolso que temos dele era de receitas.”. O “livrinho” atravessou um século e permite comparar o que ele fazia com o que faz hoje Manuel. “Há uma ou outra receita actualizada pelo meu avô”, conta, “o resto está igual” (no resto inclui-se o pudim Abade de Priscos feito ícone-doce de Braga e ao qual chegaremos).