
Beber três cafés por dia pode fazer-nos viver mais tempo (mas têm de ser de máquina)
Estudo analisou dados recolhidos durante uma década e conclui que esta dose de cafeína diária protege a saúde cardiovascular.
O estudo afirma que há benefícios.
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo e tem especial destaque na cultura portuguesa fazendo parte dos hábitos do nosso dia a dia. Os estudos sobre os seus benefícios têm sido contraditórios: alguns defendem um consumo moderado, outros afirmam que esta bebida energética não é saudável.
Um estudo da Universidade Queen Mary e da Universidade Budapest Semmelweis mostrou que beber até três chávenas de café por dia tem um efeito protetor da saúde cardiovascular, mas também reduz a taxa de mortalidade global e o risco de vir a sofrer um AVC. Os resultados foram publicados a 20 de janeiro, na Revista Europeia de Cardiologia Preventiva.
Os investigadores acompanharam durante uma década quase meio milhão de britânicos, sem histórico de doenças cardíacas. Os participantes tiveram de responder a vários questionários sobre os seus hábitos diários, como prática de exercício físico e o consumo de café. Juntamente com estes dados também foram recolhidas outras informações relacionadas com fatores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a tensão arterial, a diabetes e os níveis de colesterol.
Os britânicos foram divididos em três grupos: mais de um quinto dos envolvidos não bebiam café, enquanto 58 por cento bebiam até três chávenas por dia. Os restantes consumiam pelo menos três chávenas ou mais diariamente. Os investigadores descobriram que aqueles que consumiam três chávenas por dia tinham menos 12 por cento de probabilidade de morrer do que os que não bebiam. Tinham ainda 17 por cento menos probabilidade de morrer de doenças cardíacas e uma probabilidade 21 por cento menor de morrer de enfarte.
No entanto, os benefícios não se aplicam aos consumidores de café instantâneo ou àqueles que bebem mais de três chávenas por dia. Steffan Petersen, investigador da Universidade Queen Mary, afirmou que os resultados mostraram que o consumo de café em quantidades moderadas “não é prejudicial do ponto de vista cardiovascular e pode até ser benéfico.”
Um quarto das pessoas do grupo bebia café instantâneo, que contém mais cafeína e antioxidantes, bem como acrilamida – uma substância relacionada com o aumento do risco de cancro. “O café moído, quando bebido em quantidades moderadas, está associado a um menor risco de mortalidade, mas este benefício não foi encontrado entre os consumidores regulares de café instantâneo”, afirmou Zahra Raisi-Estabragh, co-autora do estudo. Segundo a investigadora, a razão poderá estar ligada às diferenças nos processos produtivos dos dois tipos de cafés.
O estudo também revelou que os tipos de café consumidos têm impactos diferentes na saúde. “O café descafeinado está associado a um menor risco de mortalidade, o que também sugere que não é apenas a cafeína que desempenha um papel nos efeitos benéficos desta bebida para a saúde”, avançou Judit Simon, da Universidade de Semmelweis.
“É também importante salientar que mesmo para aqueles que bebiam uma grande quantidade de cafés diariamente, não foram encontradas provas de consequências cardiovasculares negativas,” frisou Maurovich-Horvat. “No entanto, não foram observados benefícios positivos para a saúde neste grupo, o que aconteceu com os que bebem de forma moderada”, concluiu.