
Num palco, rodeado por uma audiência eufórica, Macron era o centro das atenções. Estava entre o povo e ia-se posicionando à medida que falava para poder olhar para todos eles, quase em círculo. No acesso por onde entrou estavam os seus assessores e a equipa. Os jornalistas movimentavam-se entre a multidão à procura da melhor imagem, com uma barreira humana de apoiantes. O discurso ainda só tinha queimado alguns minutos quando se ouviram assobios. Macron reagiu, olhou para o local onde lhe pareceu ter identificado alguma agitação e deparou-se com uma faixa branca de letras negras penduradas numa varanda. “Quando tudo for privado, nós ficaremos privados”, lia-se na mensagem inscrita por apoiantes da Marine Le Pen.
“Não, não se assobia às pessoas. Eu acredito no respeito. Há muitas coisas que às vezes são ditas. Têm sorte de estar numa democracia e interpelar assim um Presidente em funções e um candidato. Espero que isso possa continuar a acontecer, porque no dia 24 de abril haverá outro candidato, e será outra escolha”, dirigiu-se aos militantes, que em resposta lançaram para a rua páginas A4 com mensagens semelhantes. “Se vierem aqui no final, sem lançar papéis, poderemos falar e trocar ideias”, ripostou o candidato, continuando a falar “para todos”, tal como se tinha comprometido. Ouviram-se aplausos.
Em apenas alguns segundos, no entanto, um dos seguranças que se encontrava na janela do piso inferior conseguiu puxar a faixa. O momento captado em vídeo circula já no Twitter. Esta seria a primeira de várias intervenções que os seguranças de Macron se viram forçados a fazer.
Quand tout sera privé, on sera privé de tout ! » La banderole déployée devant Emmanuel Macron à Figeac a été arrachée par son service de sécurité quelques minutes plus tard. Emmanuel Macron a proposé à ses opposants de discuter plus tard. pic.twitter.com/swfniJnVFZ
— Hammou Sebaoui (@SebaouiHammou) April 22, 2022
Macron continuou a falar na importância das zonas rurais, o seu público e objetivo neste último dia de comício. Prometeu continuar o trabalho de descentralização dos serviços públicos para estas zonas, a reforçar as forças de segurança e as vias ferroviárias, a investir na internet e na fibra, para travar o isolamento. À medida que ia falando, ia bebendo água. Chegou mesmo a tirar o casaco e a arregaçar as mangas para continuar a falar, seguro de si, no mesmo local onde 40 anos tinha estado François Miterrand, como fez questão de sublinhar.