
Pedro Abrunhosa comentou, com uma longa mensagens nas redes sociais, os 0,25% atribuídos à cultura no mais recente Orçamento de Estado.
O músico começa por referir a “profunda crise” causada no setor pela pandemia. “Depois de 18 meses de profunda crise, o setor da cultura, no qual se incluem técnicos, autores, intérpretes, músicos, atores, bailarinos, agentes, produtores, empresas de som e luz, entre muitos outros, está mergulhado na maior crise financeira de sempre. Em muitos casos a crise é humanitária e só a solidariedade da própria classe para com os seus tem evitado a fome”, escreve.
Para Pedro Abrunhosa, “não importa celebrar o dia de Camões, ou o dia da língua portuguesa, se for apenas para exaltar um sentimento patrioteiro de pacotilha. Camões era um homem da cultura. Um poeta. Não era político.Também Jorge de Sena, Fernando Pessoa ou Josefa D’Óbidos, como milhares de outros criadores. Todos dedicaram a sua vida a engrandecer este país. Todos morreram longe da ribalta e do reconhecimento oficial. Contudo, a todos recorrem os sucessivos governos quando querem dar lustro aos galões da culturinha para enfeitar.”
“O poder adora as ‘gentes da cultura’. Adora dar medalhas e comendas a rapazes e raparigas rebeldes que pintam, escrevem e fazem ‘cenas culturais’. A realidade é outra: no dia a dia, os heróis da cultura são os que a fabricam no silêncio e no anonimato. (…) São os trabalhadores da cultura: montam palcos, afinam luzes, asseguram que os museus abram portas, que o património não caia aos pedaços, sonham em realizar um filme, sofrem de ansiedade para representar uma peça, choram com a música que compõem. São dedicados à arte e à cultura pela razão menos rentável de todas: amor”, expõe Pedro Abrunhosa.
“Só a cultura nos salvará da fatalidade da ignorância. Atribuir 0,25% do OE em 2022 à cultura não é um insulto a quem trabalha nela. É uma afronta a todos os portugueses. Passados, presentes e vindouros”, remata o portuense.
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