
Clube 33: a nova loja de vinil de Lisboa tem milhares de discos à venda
Fica na zona de São Bento e a oferta foca-se no rock. Também existe música lusófona, entre novidades e usados a partir de 1€.
O mercado do vinil continua a crescer em todo o mundo — e, em Portugal, o interesse em torno dos discos também tem sido notório. Os melómanos colecionadores e os profissionais da indústria nunca abandonaram o formato, mas o vinil volta a ser cada vez mais um objeto de culto para o grande público.
Com base nesta premissa, foi inaugurada uma nova loja de discos em Lisboa, o Clube 33, no número 33 da Rua dos Poiais de São Bento — o 33 tem um simbolismo especial por ser o número de rotações por minuto que um LP (Long Play) faz num gira-discos.
O espaço abriu portas a 3 de março e tem permanecido em soft-opening até agora. A inauguração oficial acontece a 14 de maio, com um evento especial que vai incluir um DJ set, flash tattoos da Casa Angelita, oferta de bebidas, um atelier itinerante de retratos chamado “Má Cara” e a presença da marca portuguesa Not Yet Famous, com produtos associados à música.
A ideia, explica à NiT um dos responsáveis pelo projeto, Alexandre Travessas, é que se crie um “ambiente de convívio” que depois se possa replicar noutras ocasiões. O objetivo é desenvolver uma programação regular no Clube 33 que inclua apresentações, lançamentos de novos trabalhos e exposições de arte.
“Um dos planos é fazer uma programação regular de DJ sets, apresentações e exposições”, explica Alexandre Travessas. “As exposições não têm de ser necessariamente ligadas a música, mas sempre orientadas para o mercado independente. Ou seja, novos artistas que queiram expor o seu trabalho, novas promessas, por aí.” Cristina Viana e Adriano Prates são alguns dos artistas plásticos que terão mostras em breve naquele espaço.
Já a ideia com os DJ sets não implica necessariamente convidar DJ profissionais, mas músicos e grandes conhecedores que possam passar música numa sexta-feira ou sábado à tarde, tornando o Clube 33 num ponto de encontro.
Alexandre Travessas aluga este espaço em São Bento desde 2015. A ideia inicial era abrir com um sócio uma “beer house” ligada à música e que também tivesse discos, mas que não fosse esse o foco. “Durante estes anos os nossos trabalhos e a nossa situação financeira nunca nos permitiram dar esse passo.”
O responsável pelo Clube 33 trabalha há muitos anos no meio musical. Foi road manager de Carlos do Carmo e dos GNR, foi agente de Anselmo Ralph e faz produções de eventos e festivais — organizou o Reverence Valada e fez a direção artística em 2019 e 2020 do Sol da Caparica, por exemplo. Com a pandemia, todas as suas atividades ficaram suspensas.

O rock é o principal foco.
“A pandemia fez-me perder o emprego. Trabalhava para uma empresa de produção de espetáculos e acabei por ficar sem trabalho porque a empresa já não tinha receita. Consegui fazer uma ou outra coisa como freelancer mas tinha que ocupar o meu tempo e decidi ocupá-lo com este projeto. Decidi investigar e perceber se seria um negócio que funcionasse para os próximos anos, e arrisquei numa loja de vinil. De certa forma, também era um sonho de adolescente e consegui concretizá-lo. O meu bebé, neste momento, é este. As coisas têm estado a correr bastante bem, na verdade até têm excedido as expetativas.”
Alexandre Travessas atesta que o mercado do vinil está em alta. “O mercado está em crescimento, vê-se pelas vendas e pela quantidade de fábricas novas que já abriram um pouco por todo o mundo — inclusive duas em Portugal.” Na loja, tem recebido muitos turistas que procuram música portuguesa. “Não só fado, mas discos do Dino D’Santiago, Dead Combo, Madredeus, Rodrigo Leão, que se têm vendido bem.”
Ao mesmo tempo, existe uma faculdade e várias escolas próximas e diz que recebe jovens curiosos, pessoas mais velhas interessadas, e colecionadores à procura de edições específicas. Mas vamos aos discos. O Clube 33 assume-se como uma loja eclética e diversa, apesar de se centrar sobretudo no vasto universo do rock.
“Em termos musicais encontra-se um pouco de tudo. É sempre um pouco mais virado para os géneros e subgéneros rock, mas só o universo rock engloba muita coisa. Temos uma boa oferta de alguma música comercial, Taylor Swift, Adele, esse tipo de artistas. E temos trabalhado com novidades e lançamentos. Temos um acervo muito grande de heavy metal, algum jazz, rock progressivo, indie rock, rock alternativo, no fundo é um pouco essa linha. E temos muita música independente portuguesa.”

O Clube 33 terá programação cultural regular.
São aproximadamente 2.000 os novos discos à venda e, a partir de 14 de maio, as edições em segunda mão em loja vão ultrapassar as mil. Também existem discos disponíveis que não estão expostos, mas são partilhados na página de Instagram da loja.
Alexandre Travessas destaca uma primeira edição de “Dark Side of the Moon”, dos Pink Floyd; uma primeira edição de um álbum dos Ramones; ou “discos raros” dos Beastie Boys. Há também música lusófona — com destaque para o Brasil, Cabo Verde e Angola — além de world music. Só não há muita música eletrónica, uma vez que já existem várias lojas especializadas em Lisboa, mas a ideia passa por “diversificar o foco da oferta”. “A loja também acaba por crescer consoante a necessidade dos clientes.”
Os preços dos discos em segunda mão começam em 1€, mas também podem chegar aos mil euros, caso sejam edições especiais ou raras. Os novos variam entre os 20€ e os 35€, dependendo. O Clube 33 está aberto de segunda-feira a sábado, entre as 11 e as 19 horas.